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China ganha importância para Portugal, Brasil e Angola em tempos económicos difíceis

Trocas comerciais em crescimento e múltiplos negócios milionários permitem revelar a crescente importância da China para as economias de Portugal, Angola ou Brasil, na transição para um novo ano de dificuldades para a economia global.

A entrar em 2012, o espaço de língua portuguesa parece quase imune às adversidades, tendo as trocas comerciais entre a China e os “oito” superado a meta de 100 mil milhões de dólares, traçada para 2013 pelo primeiro-ministro da China, Wen Jiabao, durante a 3.ª conferência ministerial do Fórum de Macau de 2010.

Dados dos Serviços da Alfândega da China divulgados pelo Gabinete de Apoio ao Secretariado Permanente do Fórum Macau mostram que as trocas entre a China e os países de língua portuguesa atingiram 107 311 milhões de dólares entre Janeiro e Novembro, mais 30% do que no período homólogo de 2010.

O ano terminou com um dos negócios mais sonantes de sempre entre a China e um país de língua portuguesa, a entrada da China Three Gorges Corporation (CTG) na EDP – Energias de Portugal, uma importante injecção de capital (8,7 mil milhões de euros) mas também de confiança na economia de Portugal, que atravessa uma crise prolongada.

O plano da CTG prevê que passe a investir em conjunto com a EDP em novos projectos no mercado brasileiro, mas sem afectar a composição accionista da EDP Brasil.

O banco BCP foi impulsionado pela notícia do jornal Público de que um dos temas mais abordados entre o governo português e o chinês tem sido a eventual entrada de um banco da China no capital do BCP e na imprensa é referido o interesse em várias empresas, nomeadamente a de infra-estruturas eléctricas REN – Redes Energéticas Nacionais.

Já na recta final do ano, o grupo China Petroleum & Chemical Corporation (Sinopec) acordou a tomada de uma participação de 30% na subsidiária brasileira do grupo português Galp Energia, Petrogal Brasil, operação a realizar através de um aumento de capital de 4,8 mil milhões de dólares.

Se no caso de Portugal a crise trouxe urgência na atracção de investimento e financiamento, a China surge como parceiro natural para países que dele carecem para sustentar o potencial de crescimento das suas economias, como Brasil, Angola e Moçambique.

Segundo os economistas da EIU, os mais recentes acordos de cooperação entre Angola e a China, assinados no final de Maio, demonstram uma trajectória de aproximação e crescente interdependência económica entre os dois países, até ao ponto em que “Angola é hoje o principal parceiro comercial da China em África”.

A China Sonangol obteve participações em 4 dos 11 blocos do pré-sal angolano recentemente licenciados para exploração, que no total deverão implicar um investimento de perto de 1,32 mil milhões de dólares, de acordo com a Economist Intelligence Unit (EIU).

Enquanto a exploração dos blocos no pré-sal angolano arranca, prepara-se o início da produção angolana de gás natural liquefeito angolano, que está a despertar o interesse de investidores internacionais e dará novo impulso à economia.

Sinal da importância crescente de Angola para a China foi a visita no ano passado a Luanda de Xi Jinping, vice-presidente da China, que esteve no projecto habitacional Kilamba Kiaxi, Luanda, onde o grupo de construção civil chinês CITIC está a construir 20 mil apartamentos.

Visitas de alto nível foram também a do presidente de Moçambique, Armando Guebuza, a Pequim, onde se avistou com o seu congénere chinês, Hu Jintao e assinou mais de dez acordos nas áreas financeira, económica, técnica e social.

Para o investigador Loro Horta, a China está a afirmar-se rapidamente como principal potência estrangeira em Moçambique, suplantando outros parceiros políticos e económicos tradicionais, “numa altura em que o Ocidente enfrenta uma séria crise económica”.

“As relações sino-moçambicanas deverão continuar a crescer com Pequim a emergir como principal actor económico e estratégico em Moçambique e na África Oriental”, afirma Horta num estudo publicado em Maio.

Entre muitos outros projectos na agricultura e indústria, Moçambique está a assistir ao início de vários projectos para fábricas de cimento, incluindo três de empresas chinesas, que vão permitir triplicar a produção da matéria-prima em apenas dois anos.

O Brasil, principal parceiro comercial da China no espaço de língua portuguesa e um dos maiores do mundo, continua a ser um “íman” para o investimento chinês, nomeadamente no sector automóvel, e são cada vez mais os projectos a juntarem empresas dos dois países.

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