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História 
MOSSÂMEDES - ANGOLA

O Edifício do Cabo Submarino

Neste edifício, intimamente ligado à colonização do sul de Angola, em relação ao qual se desconhece quem o projectou, bem como a data precisa da sua construção, funcionou a partir do último quartel do século XIX, uma Central de Comunicações por cabo telegráfico submarino que fazia a ligação de Mossãmedes à cidade do Cabo, na África do Sul, e às cidades de Luanda e Benguela no território de Angola. Tudo começou a partir da África do Sul. Em 1 de Maio de 1889 a CS Scotia lançou os cabos telegráficos pela costa atlântica africana. A West African Telegraph Company, na Cidade do Cabo, ficou ligada a Mossâmedes, em Angola. No mesmo ano, a IRGP estendeu o cabo de Mossâmedes (Moçâmedes-Namibe) a Benguela e a Luanda. Quatro anos depois o cabo dava literalmente a volta ao mundo, revolucionando as comunicações. (Informe-se sobre a instalação do cabo submarino em History of the Atlantic Cable & Submarine Telegraphy - Cable & Wireless.)

Segundo informações recolhidas, o decreto que autorizou um acordo entre a West African Telegraph Company e a African Direct Telegraph Company, respeitante à construção e exploração de cabo telegráfico submarino para a costa ocidental de África, foi publicado em 15 de Abril de 1886, no ano a seguir à Conferência de Berlim (1884-1885), a célebre Conferência que foi a mola impulsionadora que fez confluir em África avultados meios humanos, financeiros e tecnológicos que visavam a exploração daquele vasto, rico, porém,mal conhecido e explorado continente.

Portugal seguia assim o percurso das outras potências com pretensões coloniais, preparando-se para assegurar o seu domínio nos territórios africanos de difícil locomoção. A telegrafia sem fios, as linhas de telégrafos e os cabo submarinos, ainda que não tivessem o mesmo impacto que a via terrestre na vida económica e social dos autóctones, possuiam uma importância capital na comunicação, quer entre a África e a Europa, quer entre as diferentes regiões da África central e austral. O telégrafo morse, iria ser o grande ganhador das comunicações.

A ligação entre Luanda e a Cabo da Boa Esperança, tocando Moçâmedes e Benguela insere-se, pois, no quadro dos interesses das potências europeias e ocidentais pelo Continente Africano, e no estabelecimento do princípio da ocupação efectiva dos territórios africanos apenas para os países com meios para os ocupar de facto, acontecimentos que levaram ao reforço na consciência colectiva portuguesa de apego ao Império colonial, mas também (ou acima de tudo) à intenção de o defender e consolidar.
 


Nas traseiras do edifício do Cabo Submarino, onde ficava um pequeno campo de jogos que ainda no início da década de 1950 servia de dormitório aos jovens hoquistas da equipa dos Maristas de Sá da Bandeira quando desciam a Chela rumo ao Namibe, para disputarem jogos de hóquei em patins, modalidade que havia começado a despontar. Este foi um jogo disputado entre o Sporting Clube da cidade e o Independente de Porto Alexandre (juvenis).

Convém lembrar que em tempos mais atrás, alí também se alojaram funcionários da companhia inglesa que se revelaram grandes desportistas e influenciaram o desporto (futebol) em Moçâmedes, e que foi por sua influência que surgiu o primitivo Royal Clube de Mossãmedes, mais tarde transformado no Atlético Clube de Moçâmedes.

Por esta altura, a cidade estava em festa (1953) e à volta do pequeno campo erguiam-se pequenas barracas que vendiam de tudo um pouco, rifas, pequenas estatuetas, caixas de bom-bons, bebidas, etc., enquanto na parte central, transformada em pista de dança, decorriam os bailaricos, num ambiente tipicamente português.

 

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