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Os bancos portugueses e as novas oportunidades em África

Os responsáveis bancários deram a conhecer as potencialidades de cada um dos bancos e como podem ajudar as empresas a conseguir chegar a novas oportunidades de negócio
O processo de internacionalização de uma empresa para ser bem sucedido precisa de um parceiro financeiro que dê músculo à operação, e sirva também de orientador em mercados desconhecidos.

O ciclo de conferências CGD/Jornal de Negócios contou com a presença de quatro elementos das administrações dos bancos do grupo CGD, espalhados pelos países de língua oficial portuguesa. Foram eles: o Caixa Totta de Angola, o Banco Internacional de São Tomé e Príncipe, o Banco Comercial do Atlântico (Cabo Verde) e o Banco Comercial e de Investimento de Moçambique. Uma a uma, apresentaram os seus pontos fortes.

Angola
A CGD tem 51% da estrutura accionista da Caixa Totta de Angola, e o Totta 49%. Para Valentim Barbieri, administrador executivo do banco, "a nova estrutura accionista torna-o impar no mercado financeiro angolano e permite-lhe uma presença global". Este banco tem como alvos as grandes empresas, as empresas globais, mas também unidades de menor dimensão.

São Tomé e Príncipe
O Banco Internacional de São Tomé e Príncipe (BAI) tem 18 anos. A CGD é accionista fundador, tal como o Estado. Neste momento, conta com activos de cerca de 60 milhões de euros, sendo que possui fundos próprios de cerca de 12 milhões de euros. No total, o país possui nove agências, cobrindo também a ilha do Príncipe. Esta instituição bancária tem 125 colaboradores e uma quota de mercado de 65%.

Cabo Verde
O Banco Comercial Atlântico tem quase 12 anos e uma quota de mercado de 14% em Cabo Verde. Possui um volume de negócios de 230 milhões de euros e depósitos de 130 milhões de euros. O objectivo está definido: ser o maior banco do país. E segundo o presidente da comissão executiva, Joaquim de Sousa, o BCA tem vários factores de diferenciação: na orgânica, através do "worflow", da central de balanços e modelo de "rating", e no negócio, com o "net banking", "leasing", "factoring" e o "visa corporate".

Moçambique
Para Ibraimo Bhai, director central do BCI, este é um banco "eminentemente comercial, com um peso ainda considerável, na composição do seu volume de negócio, em operações realizadas com médias e grandes empresas" . A CGD tem o controlo accionista deste banco, que tem um novo desafio: "Transformar um banco historicamente virado para empresas e clientes particulares de alto rendimento, para um banco universal servindo todos os segmentos de mercado com um modelo de atendimento diferenciado".

 


Novas oportunidades em Àfrica

Jaime Nogueira Pinto e os bancos do grupo CGD em África identificaram oportunidades de negócio para as centenas de empresários presentes na conferência realizada na Universidade do Minho

 


1 - Cabo Verde
Um arquipélago para ajudar a crescer no comércio externo

Jaime Nogueira Pinto salienta o bom momento de Cabo Verde, em que a estabilidade política, económica e social é um trunfo forte. Há, segundo o historiador, condições para haver liberdade económica e bom ambiente nos negócios, além de mão-de-obra qualificada e uma parceria estratégica com a União Europeia. Ainda assim, Joaquim Sousa, presidente da comissão executiva do Banco Comercial do Atlântico, alerta para o que se deve evitar em Cabo Verde: "Não se deve vir na expectativa de resolver graves problemas estruturais das empresas". O caminho é outro, na sua opinião, e as empresas devem entrar naquele mercado com "o objectivo de encontrar oportunidades numa estratégia de internacionalização complementar à actividade desenvolvida, mais numa óptica de investimento com retorno a médio (longo) prazo". Só assim, considera, "vale a pena pensar [em Cabo Verde]". Nogueira Pinto deixou alguns conselhos sobre o arquipélago e as áreas em que a actividade económica pode ser frutífera: o turismo; as energias renováveis; a indústria metalomecânica; a indústria agro-alimentar; a produção hortícola; os serviços privados de saúde; a floricultura; e o mobiliário.

 

2 - São Tomé e Princípe
Aposta no turismo tropical para fugir à pobreza

A economia são-tomense apresenta uma balança comercial deficitária, um mercado interno reduzido, uma baixa acumulação de riqueza e um modelo de crescimento esgotado assente na exportação e uma monocultura, o cacau. A moldura não é a mais "bonita", mas alguns ângulos da fotografia auguram perspectivas de crescimento. São Tomé e Príncipe pode muito bem ser um "novo destino turístico tropical, com novos hotéis e resorts, destinados a um turismo médio alto, e exclusivo". "Mas não será como Cabo Verde ou a República Dominicana", salientou João Cristovão, presidente da Comissão Executiva do Banco Internacional de São Tomé e Príncipe. Esta ilha tem ainda algumas vantagens que lhe advêm da sua geografia e podem permitir ser uma economia de serviços para a sub-região, "onde estão mais de 200 milhões de consumidores". Actualmente, há ainda a emergência de uma economia de petróleo, no mar, em duas áreas distintas: na zona económica exclusiva e na zona económica conjunta com a Nigéria. Para facilitar a potencialidade de crescimento, o governo ancorou a moeda local ao euro, permitindo diminuir as incertezas; e criou um novo código de investimento com condições fiscais mais favoráveis.

 

3 - Angola
10% de crescimento do PIB para Portugal explorar

Angola continua a ser o destino número um quando se fala de exportações e internacionalização para o mercado lusófono. Com taxas de crescimento estrondosas, mais de 10% em 2012 de acordo com o relatório anual, "World Economic Outlook", do Fundo Monetário Internacional (FMI), as oportunidades de negócio naquele país são enormes. O historiador Jaime Nogueira Pinto adiciona-lhes ainda os recursos energéticos, como o petróleo, especialmente da região de Cabinda, e o gás natural. O orador frisou a importância dos minérios, salientando neste caso, a região do vale do rio Cuango. Nogueira Pinto fala do potencial hidroeléctrico deste país, dando especial relevo às explorações nos rios Kwanza, Cunene e Catumbelo. Angola tem diversas áreas que podem ser atractivas para o investimento estrangeiro e neste aspecto, Portugal podia aproveitar a tradição histórico-cultural e as boas relações políticas e económicas, assim como a maior estabilidade que aquele país agora apresenta. Nogueira Pinto elenca oito áreas de negócio prioritárias: marketing, águas e saneamento, Obras Públicas, energias renováveis, indústria agro-alimentar, pescas, avicultura e criação de gado.

 

4 - Moçambique
Entre o novo betão e os terrenos férteis do Zambeze

Está de novo na moda para as empresas portuguesas. Moçambique voltou a estar no mapa dos negócios, com um crescimento do PIB, este ano, de cerca de 7% e um mercado de mais de 22 milhões de pessoas. Este é um território com elevada propensão e potencial agrícola, sendo que 45% do território pode ser cultivado. Ainda assim, a maior parte das explorações (80%) são de subsistência. Algodão, cana-de-açúcar, castanha-de-caju, copra (polpa do coco) e mandioca são os produtos de elite da produção moçambicana. Nogueira Pinto destaca, neste sector, o vale do Zambeze. A agricultura oferece, neste país, uma vasta oportunidade para a produção de cereais, frutos, flores e vegetais, tanto para o mercado local como para a exportação. Actualmente, o país tem exportado flores, citrinos, castanha de caju e fruta para a Europa. Nas obras públicas, o governo em parceria com o sector privado tem investido no desenvolvimento de infra-estruturas públicas, nomeadamente: estradas, pontes, telecomunicações e energia. As pescas, a indústria, o turismo e hotelaria, os recursos minerais e a energia são outras áreas de negócio com elevada potencialidade.

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