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Moçambique 

Moçambique foco de atenções dos empresários brasileiros em África

Depois de anos de fortes relações comerciais com Angola, os empresários brasileiros começaram a prestar mais atenção a Moçambique, e a aproximação entre os dois países deverá intensificar-se nos próximos anos.

A análise é do director-executivo da Câmara de Comércio, Indústria e Agropecuária Brasil-Moçambique (CCIABM), Rodrigo Oliveira, que considera o país lusófono como "a bola da vez".

"O Brasil descobriu o potencial de Moçambique há muito pouco tempo. Mas na verdade, o Brasil ainda está descobrindo Moçambique", declarou.

Em entrevista à Agência Lusa, o responsável destacou que o país já é um dos principais beneficiários de projetos de cooperação do governo brasileiro, além de contar com o investimento de grandes empresas, como a mineradora Vale.

No entanto, as relações comerciais entre os dois países, bem como os investimentos de empresas brasileiras de médio porte em Moçambique, ainda não são tão fortes.

Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), entre janeiro e setembro deste ano, Moçambique respondeu por apenas 2 por cento do intercâmbio comercial brasileiro com membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

Em comparação, a corrente de comércio com Angola representou 32 por cento, ficando atrás apenas de Portugal (65 por cento).

Apesar de ainda ser pequena, a relação comercial entre Brasil e Moçambique já ultrapassou em muito a verificada em todo o ano passado.

Nos nove primeiros meses deste ano, as trocas bilaterais somaram 64,6 milhões de dólares. Entre janeiro e dezembro de 2010, foram 42,4 milhões de dólares.

Em 2011, as exportações brasileiras para Moçambique somaram 61,03 milhões de dólares. Já as importações totalizaram 3,56 milhões de dólares.

Oliveira assinala que não existe nenhuma projeção oficial para a evolução do comércio com Moçambique nos próximos meses. O responsável calcula, porém, que o intercâmbio deverá duplicar nos próximos dois anos.

Além do potencial de crescimento em valor, os brasileiros também acreditam que há espaço para uma diversificação da agenda de exportações.

Segundo dados levantados pela Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), 59,6 por cento das vendas brasileiras para Moçambique são produtos primários ou de baixa industrialização.

A CCIABM está a organizar uma missão empresarial para Moçambique em Novembro, que deverá levar cerca de 70 empresários.

O grupo deverá ter a companhia do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Fernando Pimentel. A agenda do representante do governo, porém, ainda não está oficialmente fechada.

As áreas de mineração, infraestrutura, agropecuária e alimentos e bebidas são as áreas mais representadas na missão, que ficará entre os dias 19 e 26 de novembro em Moçambique.

A visita dos empresários brasileiros ocorrerá apenas um mês depois da viagem da Presidente brasileira Dilma Rousseff ao país africano.

A líder brasileira inicia este domingo um périplo que a levará à África do Sul, Moçambique e Angola.