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Ambiente 

Salvamento da Grande Barreira de Coral pode estar nas larvas

Um grupo de cientistas anunciou o lançamento da tentativa de reabilitação mais ambiciosa da Grande Barreira de Coral, que consiste em recolher óvulos e esperma desses animais e criá-los em laboratório antes de reintroduzi-los na jóia da natureza australiana.

A Grande Barreira de Coral, reconhecida como Património Mundial da UNESCO desde 1981, tem uma extensão de 345 mil quilómetros quadrados e é considerada a maior barreira de recife do planeta.

Por causa das alterações climáticas, sofre episódios sem precedentes de branqueamento, para além de ser ameaçada pela Acanthaster púrpura, uma estrela-do-mar que devora os recifes, e pelas atividades industriais e agrícolas.

Esta quarta, investigadores australianos anunciaram um ambicioso projeto para criar larvas de coral que, a seguir, serão integradas nas zonas mais danificadas da Barreira.

"É a primeira vez que o conjunto do processo de criação de larvas e de integração nos recifes acontecerá na Grande Barreira de Coral", disse em comunicado Peter Harrison, da Southern Cross University.

"As nossas equipas vão restaurar centenas de metros quadrados com o objetivo de chegar no futuro a quilómetros quadrados [restaurados], o que representa a maior extensão alcançada até agora", acrescentou o investigador australiano.
Ação em defesa do clima

O lançamento do "Projeto de restauração de larvas" acontecerá no mesmo período do ano em que acontece a reprodução dos corais, que começará durante os próximos dias e dura apenas entre 48 e 72 horas.

O objetivo é compilar óvulos e esperma de coral durante o breve período de segregação, depois criar larvas e reintegrá-las nas zonas danificadas da Grande Barreira.

Não obstante, esta operação conta com a dificuldades: a grande dispersão de óvulos e esperma que se produz, culpa das ondas e das correntes marinhas.

O branqueamento de coral, que significa a perda de cor destes animais marinhos, deve-se sobretudo ao aumento da temperatura da água do mar, que provoca a expulsão das algas simbióticas que dão ao coral a sua cor e os seus nutrientes. Os recifes recuperam se a temperatura diminuir, mas também podem morrer se o fenómeno persistir.

Durante os últimos 20 anos, a Grande Barreira passou por quatro períodos de descoloração extrema: 1998, 2002, 2016 e 2017.

Uma das novidades do programa anunciado nesta quarta é que a criação de larvas será realizada em paralelo à de algas microscópicas. "Esperamos acelerar o processo se conseguirmos que as possibilidades de sobrevivência e crescimento do coral se vejam reforçadas com a absorção rápida de algas", explicou David Suggett, da University of Technology de Sidney, que colabora no projeto.

Harrison acredita que a criação de larvas servirá para restaurar a Grande Barreira, mas reconhece que isso será insuficiente. "A ação em defesa do clima é a única forma de garantir a sobrevivência dos recifes de coral", defende Harrison. "O nosso projeto de reabilitação de recifes servirá para ganhar tempo para que as populações de coral sobrevivam e evoluam até que se reduzam as emissões de dióxido de carbono e as temperaturas estabilizem", acrescenta.

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