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Ambiente 
PORTUGAL

Setúbal quer criar santuário de plantas colhidas nas mais belas baías do mundo

O Jardim das Baías é um espaço verde que será único a nível mundial. Vai acolher plantas de todos os continentes. Câmara prevê que será mais um impulso para o turismo

Vai chamar-se Jardim das Baías, terá assento em Setúbal e será único no mundo. É um espaço verde que ocupará cerca de dois hectares na zona da Azeda - o equivalente a dois campos de futebol - reunindo a flora dos 43 representantes dos cinco continentes que pertencem ao Clube das Mais Belas Baías do Mundo (CMBBM). "Pensámos em fazer um jardim mais pequeno, porque admitíamos que nem todos os parceiros aderissem. Afinal, todos querem ter cá as suas plantas, o que nos deixou surpreendidos e felizes, porque isto vai projetar-nos mundialmente", admitiu ao DN a presidente da Câmara de Setúbal, Maria das Dores Meira.

A Portugal vão chegar plantas colhidas desde a baía de Kotor, em Montenegro, ao golfo do Morbihan, no Sul da região francesa da Bretanha, passando por Nha Trang, no Sul do Vietname, Cartagena, na Colômbia, onde Gabriel García Marquez se inspirou para alguns dos seus romances, ou pelo Mindelo, na ilha de São Vicente, em Cabo Verde, e Tadoussac, no Quebec (Canadá), só para citar alguns exemplos.

"Ainda vamos ter de pensar como é que tudo isto se vai fazer, como é que algumas plantas se poderão adaptar, pelo que está tudo em aberto", diz a autarca sadina, que este ano passou a presidir ao CMBBM para um mandato de três anos, depois de Setúbal ter entrado para este restrito clube - criado há duas décadas - em 2002, tendo sido a única localidade portuguesa a pertencer à organização até 2012, quando a Horta, nos Açores, também foi admitida.

"É uma ferramenta de troca de experiências para proteger, conservar e desenvolver as baías de forma sustentada", explica a edil de Setúbal, recordando como a chancela ajudou a travar a coincineração na Arrábida e esteve na liderança da contestação à queima de resíduos perigosos junto à baía de Santander (Espanha), conseguindo impedir o projeto, e em Pemba, contra a exploração das jazidas de gás natural. "Eu já lá fui alertar que esta baía faz parte do clube e que temos de entrar em negociações para proteger a fauna e a flora da baía", diz a autarca sadina, congratulando-se com os resultados turísticos entre os 43 membros do clube, admitindo que a promoção conjunta pelo mundo está a resultar em "pleno", havendo já turistas que procuram a rota das baías.

Assim se justifica a promoção de produtos turísticos através de parcerias entre os membros de clube para um futuro próximo, com sugestões que passam pela criação de pacotes especiais de viagens a diferentes países com baías no clube, incluindo rotas de veleiros, como ficou decidido entre representantes das baías que agora reuniram em Congresso Mundial, em Puerto Vallarta (México), aprovando as linhas estratégicas da direção de Dores Meira, que define prioridades até 2019. Entre elas está a construção de um pavilhão de exposições amovível, "pensado especificamente para ser instalado em feiras internacionais de turismo", revela a Câmara de Setúbal, destacando ainda a aposta em figuras públicas para o papel de embaixadoras de cada enseada.

Um dos investimentos de maior peso recai sobre a criação de bolsas de mérito para propostas inovadoras e ambientais de proteção, no valor de 5 mil euros. A ideia é financiar investigação que permita, por exemplo, travar a erosão, combater a poluição, preservar espécies, mas também tradições.
Aliás, a aposta para Setúbal contempla a preservação da chamada "arte de emalhar", para a qual serão admitidos jovens que promovam a aprendizagem desta arte de pesca, por exemplo, com a realização de palestras dadas por antigos e atuais pescadores.

O projeto aponta ainda às escolas, olhando para as tradições seculares da baía sadina, que se encontra dentro da Reserva Ecológica Nacional, pertencendo ao estuário do Sado, cuja orla costeira é enriquecida pela imponência da serra da Arrábida e pelo próprio Portinho, mas também por albergar o habitat natural do roaz-corvineiro, uma das raras comunidades sedentárias de golfinhos na Europa.

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