Guiné-Bissau

TRAGÉDIA

Vinte e três mortos em naufrágio de piroga ao largo da Guiné-Bissau

Vinte e três mortos e 74 sobreviventes é o "balanço provisório" de um naufrágio de piroga ocorrido esta sexta-feira ao largo da Guiné-Bissau, disse à Lusa o diretor do hospital Simão Mendes, Lassana N'Tchassó, de Bissau.

De acordo com o diretor e médico no Simão Mendes, as pessoas resgatadas com vida estão a receber tratamento "estando quase todas fora de perigo". Os corpos já se encontram todos na morgue do hospital, acrescentou.

Um sobrevivente, que a família pediu para não ser identificado, disse à Lusa que a piroga, com capacidade para transportar entre 100 a 120 pessoas, afundou-se porque começou a meter água e os passageiros atiraram-se ao mar.

"Saímos de Bolama por volta das 09:00 [hora local] e, duas horas depois, estávamos quase a chegar a Bissau, ao largo de ilha de Arca, a canoa começou a meter água e as pessoas viram que estava a afundar-se e atiraram-se ao mar", contou o sobrevivente, envolto numa cobertura térmica.

Na piroga, seguiam dois médicos portugueses da AMI [Assistência Médica Internacional], que saíram ilesos do acidente por se terem atirado ao mar e, a nado, conseguiram chegar à costa de Bissau, contou o sobrevivente.

O pessoal da organização não-governamental Afectos com Letras, que esta tarde ia dar um lanche às crianças internadas no Simão Mendes, também está a prestar socorro aos náufragos.

N'Tchassó destacou as ajudas que o hospital tem estado a receber do pessoal médico, mesmo dos que não estavam de serviço, mas também criticou a concentração de pessoas no hospital.

"Assim não dá para socorrer eficazmente os náufragos. Há aqui muita gente a chorar, a gritar, mesmo com a presença das forças de segurança é impossível trabalharmos", disse o medico.

Na porta dos serviços de urgência, na morgue e nos cuidados intensivos estão elementos da polícia, mas há muita gente que vem a estes locais em busca de informação sobre familiares que possam estar envolvidos no acidente.