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PORTOS BRASILEIROS

Aposta no mercado interno contra a crise

A crise económica não parece assustar o sector portuário brasileiro. Durante o primeiro dia do VI Seminário SEP de Logística, o secretário executivo da Secretaria dos Portos, Mário Lima Júnior, disse acreditar que o Brasil vai passar por esses entraves sem grandes riscos e aposta no mercado interno como alternativa a uma possível retração da pauta das transações internacionais.

Segundo ele, a cabotagem - navegação entre os portos nacionais - vem crescendo cerca de 15% anualmente e, hoje, representa quase 30% das relações comerciais portuárias do País. Mesmo assim, ele ressaltou que há muitos desafios pela frente, como as questões de logística, que possam permitir "mais realizações, por menos custos".
O Canal do Panamá é uma das apostas para o desenvolvimento do setor. A ação deverá encurtar a rota para a Ásia, e está prevista para ficar pronto em 2014. "As nossas mercadorias vão ganhar mais competitividade e a tendência é que o Porto do Pecém, por exemplo, que tem profundidade suficiente para receber grandes navios, possa naturalmente se transformar um porto de distribuição, já que o fluxo vai aumentar consideravelmente", ressalta Lima Júnior.

Crescimento

De acordo com dados da Secretaria, o volume das relações de comércio exterior, em dez anos, cresceu cerca de 65% no Brasil. Em 2000, o volume movimentado nos portos brasileiros era de 485 milhões de toneladas.
Já em 2010, esse número saltou para mais de 800 milhões, e a expectativa é de que entre 2011 e 2012, o País alcance o
primeiro bilhão em volume de mercadorias.

Janela única

Outro projeto em implantação é a janela única, processo que reduz o tempo ocioso dos navios nos portos em cerca de 25% em relação à realidade atual, segundo o secretário.

"A competitividade brasileira depende desse desembaraço ágil. Mas nós vamos fazer o que for preciso para crescer. Se tivermos que assumir encargos adicionais também o faremos", alerta o representante da SEP.

O ex-ministro Ciro Gomes esteve no seminário e criticou a política econômica do País durante palestra. Para ele, "o câmbio é a maior hostilidade que nós temos hoje" e atravanca as relações de comércio exterior.

"Está ´artificializado´ por uma discordância entre política monetária e política cambial. O mundo está com uma inflação superior à taxa de juros e o Brasil com a inflação muito abaixo dessa taxa. Então existe uma montanha de capital especulativo vindo para o País, além do que o próprio Governo tem manipulado um pouco o câmbio para efeito de combate à inflação", explica.

Mas ele também lembra que há outros problemas, como os custos de transferência e a quantidade de papel que se tem que desenrolar para essas relações. "A questão fiscal é ridícula", critica Gomes.

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