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A maior erupção subaquática já registada originou um novo vulcão

Um grande evento sísmico, que começou em maio de 2018 e foi sentido em todo o mundo, deu à luz um novo vulcão subaquático.

Na costa leste de Mayotte, região ultramarina francesa no Oceano Índico, uma nova proeminência gigantesca eleva-se a 820 metros do fundo do mar – algo que não existia antes de um terramoto ter abalado esta ilha em maio de 2018.

“Esta é a maior erupção submarina ativa alguma vez documentada”, escreveu uma equipa de cientistas no seu estudo publicado, no final de agosto, na revista científica Nature Geoscience.

Tal como explica o site Science Alert, os investigadores começaram a monitorizar a região em fevereiro de 2019. Para isso, usaram um sonar para mapear uma área de 8600 quilómetros quadrados do fundo do mar, colocaram também uma rede de sismómetros, de até 3,5 quilómetros de profundidade, e combinaram isto com dados sísmicos vindos de Mayotte.

Entre 25 de fevereiro e 6 de maio de 2019, esta rede detetou 17 mil eventos sísmicos, de uma profundidade de cerca de 20 a 50 quilómetros abaixo do fundo do oceano – uma descoberta muito incomum, uma vez que a maioria dos terramotos são muito mais superficiais. Assim como outros 84 eventos invulgares, que foram detetados em frequências muito baixas.

Na posse destes dados, os cientistas conseguiram reconstruir como a formação do novo vulcão pode ter ocorrido. Tudo começou, de acordo com as suas descobertas, com um reservatório de magma nas profundezas da astenosfera, zona superior do manto terrestre menos rígida que se encontra abaixo da litosfera.

Abaixo do novo vulcão, processos tectónicos podem ter causado danos à litosfera, resultando em diques que drenaram magma de um reservatório para cima através da crosta, produzindo enxames de terramotos durante o processo.

Eventualmente, este material conseguiu chegar ao fundo do mar, onde entrou em erupção, produzindo cinco quilómetros cúbicos de lava e construindo o novo vulcão subaquático.

Em maio de 2019, o volume extrudado do novo edifício vulcânico era entre 30 e mil vezes maior do que o estimado para outras erupções submarinas, tornando-se assim a erupção vulcânica submarina mais significativa já registada até hoje.

“Desde a descoberta deste novo edifício vulcânico, foi estabelecido um observatório para monitorizar a atividade em tempo real e continuamos a acompanhar a evolução da erupção”, disse ainda a mesma equipa.

ZAP //