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Comércio Mundial de Mercadorias em risco devido ao Coronavírus

A Organização Mundial do Comércio (OMC) prevê que a pandemia Covid-19 colocará em risco um terço do comércio mundial de mercadorias. As estimativas da OMC apontam para uma contracção entre 13% e 32%, em 2020. Neste sentido, estima-se que o efeito do Coronavírus no comércio mundial de bens para este ano será, no mínimo, de 2,25 mil milhões de euros, ou no máximo, 5,52 mil milhões de euros.

A OMC salienta que a amplitude da escala se deve à “natureza desta crise de saúde sem precedentes e à incerteza em torno das suas repercussões económicas específicas”. Além disso, as previsões da recuperação esperada para 2021 são também incertas, pois estará dependente da duração do surto e da eficácia das respostas políticas.

Segundo a perspectiva optimista “a recuperação será intensa o suficiente para que o comércio esteja próximo da sua tendência pré-pandémica”, já a hipótese pessimista refere que é esperada apenas uma recuperação parcial. Contudo, a OMC alerta que “dado o nível de incerteza, deve-se notar que a trajectória inicial não determina necessariamente a recuperação subsequente”.

Apesar das várias fases da Covid-19, o Director Geral da OMC, Roberto Azevêdo, refere que “o inevitável declínio no comércio e na produção terá consequências dolorosas para as famílias e empresas, além do sofrimento humano causado pela doença”. Relembra ainda que o comércio já se encontrava em desaceleração em 2019, graças às tensões comerciais e ao abrandamento da economia, embora o momento que vivemos se mostre decisivo.

Esta emergência de saúde originou aumentos nos custos comerciais causados por vários factores, segundo a OMC, entre os quais o impacto nas cadeias de valor globais, a diminuição do transporte de passageiros e as restrições logísticas. A Organização refere que “na medida em que os produtores não possam absorver o aumento dos custos comerciais, os consumidores tenderão a cobri-los enquanto estiverem fisicamente presentes no mercado e podem permitir-se a pagar mais”, acrescentando que “como a procura também está sob pressão devido ao bloqueio de metade da população mundial e, com muitas pessoas desempregadas, o efeito líquido é uma queda dramática no comércio”.

É provável que esta quebra no comércio seja mais acentuada nos sectores caracterizados pela complexidade dos elos das cadeias de valor, especialmente no caso de produtos electrónicos e na indústria automóvel. As importações dos principais bens para a produção foram, provavelmente, interrompidas pelo distanciamento social, o que levou ao encerramento temporário das fábricas da China, cenário que está agora instalado na Europa e na América do Norte. Assim, “gerir interrupções na cadeia de abastecimento é um desafio”, principalmente na actual emergência de saúde, devido à multiplicação geográfica e às dificuldades em encontrar fornecedores alternativos.

Além do comércio de mercadorias, a OMC lembra que a troca de serviços “poderia muito bem ser o componente do comércio mundial mais directamente afectado pelo Covid-19 devido à imposição de restrições ao transporte e viagens e ao encerramento de muitos estabelecimentos de retalho e hotéis ou restaurantes”. Contudo, os serviços não estão incluídos nas previsões da OMC sobre o comércio de mercadorias, mas este seria impossível sem o transporte, por exemplo. A diferença é que não existem stocks de serviços que possam ser retirados agora para substituí-los posteriormente e, por isso, “o que esmorece o comércio de serviços durante a pandemia pode ser perdido para sempre”, alerta a OMC.

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