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Vale aposta em navios mais eficientes para bater concorrência

A mineradora brasileira Vale prevê receber no final deste mês o segundo navio dos 32 Valemax de segunda geração da frota de cargueiros gigantes previstos para entrar em operação até o fim de 2019.

O navio, que chega dia 27, será o segundo do tipo Valemax de segunda geração a carregar minério de ferro no Porto de Tubarão, em Vitória, neste ano, numa demostração de como a Vale trabalha para ganhar competitividade frente aos seus competitidores, que estão mais perto dos principais clientes, na Ásia.

As embarcações, com capacidade para transportar 400 mil toneladas, pertencem a outras empresas, mas foram construídas a partir de iniciativa da Vale. Os navios são os mais eficientes do mundo em emissões de gases do efeito estufa, segundo levantamento da mineradora –maior produtora e exportadora global de minério de ferro.

Em entrevista à Reuters, o diretor da Cadeia de Valor de Ferrosos, Vagner Loyola, afirmou que o aumento da frota a serviço da empresa com embarcações mais eficientes faz parte de uma estratégia para a entrega de sua crescente produção, com menores emissões e com fretes competitivos.

Além disso, segundo o executivo, a empresa caminha para concluir “em breve” negociações de contratos com armadores que resultarão na construção de novos navios de 325 mil toneladas, os chamados Guaíbamax.

“Os Valemax de segunda geração e também o Guaíbamax trazem um ganho de eficiência, exatamente pelo ganho de escala… e pelo menor consumo de combustível, com maior eficiência energética, que é o que leva à menor emissão de gases do efeito estufa”, afirmou.

No caso do Guaíbamax, a opção por estimular a construção de um navio com menor capacidade que o Valemax, apesar de ainda prometer elevada eficiência energética, vem em função da limitação para aportar os gigantes em determinados portos do mundo.

“O Guaíbamax, a gente está no momento em negociação com vários armadores, já fechamos com a maioria deles”, adiantou, evitando dar mais detalhes.

O plano ocorre em meio ao desafio da companhia brasileira de levar sua produção crescente aos seus principais clientes, na Ásia.

O executivo não revelou expectativa de redução de custos ou valores contratuais, por serem informações estratégicas.

A Vale planeja produzir 390 milhões de toneladas neste ano, alta de 6,4 por cento ante 2017, e 400 milhões de toneladas por ano entre 2019 e 2022.

Atualmente, de 250 a 300 navios fazem o transporte de produtos da Vale, incluindo os 35 Valemax, VLOC (Very Large Ore Carrier), de 1ª geração, que já operam desde 2011, também com capacidade de até 400 mil toneladas.

“A Vale construiu a maioria (dos Valemax) da primeira geração, mas depois optou por vendê-los… vendeu para armadores, fez contatos de transporte marítimo com esses armadores, e esses armadores alocam os Valemax que eles compraram da Vale para fazer o transporte do nosso minério”, afirmou.

Por uma iniciativa estratégica, a Vale atualmente contrata o volume de minério de ferro a ser transportado e as empresas que decidem quais os navios que serão alocados.

A estratégia de não ser a próprietária dos navios, destacou Loyola, foi colocada em prática entre 2015 e 2016, em meio a um plano de desinvestimentos da Vale, e também em busca de reorganização de custos. Segundo o executivo, a estratégia hoje se mantém.

Entre 70 por cento e 74 por cento dos grandes navios que transportam cargas da Vale, com capacidade acima de 180 mil toneladas, fazem a rota para a China, país que está mais próximo dos principais concorrentes na Austrália: BHP Billiton e Rio Tinto.

O novo modelo é o mais eficiente do mundo em emissões de gases do efeito estufa, segundo um levantamento da Vale, emitindo 41 por cento menos CO2 que um Capesize de 180 mil toneladas, construído em 2011, e que serviu de base comparativa para os Valemaxes de primeira Geração, até então os navios mais eficientes.

Comparados com os capesizes mais novos, construídos em 2017, o Valemax de segunda geração emite 28 por cento menos CO2.O levantamento foi feito com base no Índice de Design de Eficiência Energética (EEDI, na sigla em inglês), adotado pela Organização Marítima Internacional (IMO, na sigla em inglês), cujo cálculo considera a emissão de CO2 por tonelada de carga vezes a distância em milhas náuticas.

“Essas iniciativas da Vale, de incentivar a construção desses supergraneleiros que são… mais eficientes em termos de emissão de gases do efeito estufa estão totalmente alinhadas com essa grande tendência mundial”, disse Loyola, destacando medidas mundiais contra o aquecimento global.Para confirmar a eficiência superior da embarcação, técnicos da área de Navegação da Vale a compararam com uma base de dados de 2.769 embarcações dos mais variados tipos.

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