Pirataria

Aeronave da Força Aérea Portuguesa empenhada em operação real contra pirataria no Golfo da Guiné

A tripulação da aeronave militar de vigilância marítima P-3C CUP+ da Força Aérea Portuguesa, que se encontra em missão no Golfo da Guiné desde o dia 20 de março,foi empenhada recentemente em duas operações reais contra pirataria, após um pedido de apoio das autoridades da Nigéria, Benin, Togo e Gana.

No dia 22 de março, os militares portugueses foram empenhados para efetuar vigilância e recolha de informação de uma situação de pirataria em desenvolvimento a cerca de 80 quilómetros da costa da Nigéria.

Com recurso aos sensores da aeronave foi possível confirmar o ato de pirataria em curso e assim encaminhar para a área os meios navais dos estados costeiros que solicitaram apoio da aeronave da Força Aérea.

Esta ação acabou por terminar na libertação dos sequestrados, o comandante da embarcação e o engenheiro de máquinas.

No dia 27 de março, o P-3C CUP + foi novamente empenhado numa operação de deteção de um navio de pesca pirateado supostamente por nigerianos. À chegada à área de operações a tripulação detetou, localizou e reportou um pesqueiro suspeito com 5 reféns a bordo , sendo três coreanos, um ganense e um cidadão europeu grego. Este navio foi entretanto intercetado pela Marinha do Gana que escoltou depois a referida embarcação para o porto de Acra, Gana.

A presença da aeronave portuguesa na região revelou-se de extrema importância na deteção, localização e transmissão da informação recolhida para as unidades navais que se encontravam nas proximidades, que efetuaram posteriormente a interceção e abordagem à embarcação com os infratores.

O destacamento da Força Aérea é composto por uma aeronave P-3C CUP+ e 29 militares, que inicialmente utilizou a ilha de S. Tomé e Príncipe como base, e por dois oficiais de ligação ao centro de operações marítimas internacional estabelecido em Libreville, Gabão. A aeronave da Força Aérea portuguesa, atualmente em missão em Cabo Verde, encontrava-se a participar no exercício internacional de segurança marítima Obangame Express 2018 (OE18),conjuntamente com três navios da Marinha portuguesa, o maior exercício da costa ocidental africana que junta aeronaves e unidades navais de 32 países e diversas organizações.

O P-3C da Força Aérea assegurou a cobertura de mais de 1.500.000 Km2 em patrulha, tendo para isso sido percorridos 9.000 Km nas mais de 3 horas voadas.

Segundo dados oficiais da Organização Marítima Internacional (International Maritime Organization) e da União Europeia, o Golfo da Guiné em 2017 ocupou o 2º lugar no mundo entre as regiões marítimas mais afetadas pela pirataria e roubo armado, registando 23% dos ataques em todo o mundo (o Mar da China ocupa o 1ª lugar do ranking mundial entre os estados costeiros mais afetados por este flagelo).

De 1 de janeiro até à data ocorreram 41 ataques a navios e 56 elementos foram feitos reféns.

O primeiro trimestre de 2018 registou um aumento muito significativo, com 41 ataques, sendo que 29 ocorreram ao largo da Nigéria (71%), tendo sido feitos 56 reféns, quando comparado com o período homólogo de 2017, onde se registaram 13 ataques e 15 reféns. Segundo os analistas, a manter-se esta tendência é muito provável que o número de ataques a navios em 2018 venha a ser significativamente superior a 2017.

Se forem considerados apenas os ataques em alto mar, o Golfo da Guiné ocupa o 1º lugar com 50% dos ataques em todo o globo.