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Brasil deixa cair mega-projecto ferroviário que ligaria Atlântico e Pacífico

Outrora desígnio de proporções épicas, o projecto referente à construção de uma linha de caminho-ferro para transportar mercadorias entre a costa atlântica e o Pacífico sul-americano, através do Peru (e com ligação final à China por mar), terminou na gaveta: o Brasil abdicou da empreitada, por esta ser dispendiosa e tecnicamente espinhosa. Para Jorge Arbache, secretário de Assuntos Internacionais do Ministério do Planeamento, Desenvolvimento e Gestão, os desafios de engenharia colocados pelo projecto seriam «absurdos».

Linha ferroviária teria 5000 quilómetros e cruzaria os Andes

Com uma extensão de 5000 quilómetros, a linha teria que cruzar a cordilheira dos Andes para chegar ao Oceano Pacífico e visava acelerar o processo de exportação de matérias-primas, tais como soja e minério de ferro, para a China, a um custo inferior, evitando o Canal do Panamá. O projecto foi anunciado pela primeira vez em 2014 pelo Presidente da China, Xi Jinping, durante uma visita do Executivo chinês a terras brasileiras.

Empreitada de 80 mil milhões de dólares é miragem, diz o Brasil

Com um custo estimado de cerca de 80 mil milhões de dólares, a empreitada ferroviária é uma miragem financeira e técnica, diz o Executivo brasileiro – em declarações à agência Reuters, Arbache afirmou que a linha de caminho-de-ferro teria de transportar mercadorias de maior valor acrescentado e não apenas matérias-primas para poder ser economicamente viável.

Jorge Arbache revelou também que o Peru se opôs ao traçado da conexão ferroviária, uma vez que passava por uma das mais importantes reservas naturais do país. Mais: o governo peruano justificou ainda que a linha teria chances de ser economicamente viável caso atravessasse a Bolívia, uma vez essa configuração reduziria o custo de construção, teria menor custo ambiental e permitiria acesso directo ao mar.

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