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Pró-Praia exige Escola do Mar na região sul

A liderança da Associação para o Desenvolvimento da Praia (Pró-Praia) quer que o governo de Ulisses Correia e Silva crie, na capital, à semelhança da que existe em São Vicente, uma Escola do Mar para servir as ilhas de Sotavento – Santiago, Fogo, Brava e Maio. O presidente da organização, José Jorge Costa Pina, defende ser premente e necessário ter este estabelecimento de ensino e formação na região sul de Cabo Verde, para responder às demandas de milhares de jovens e qualificar quadros do sector marítimo e portuário nas ilhas mais a sul.

José Jorge Costa Pina, que é também mestre em transportes marítimos, entende que a formação ligada ao mar não se resume apenas à qualificação de marinheiros, mestres e oficiais da marinha mercante, mas exige recursos humanos em outras áreas importantes ligadas ao ambiente marinho, desde investigadores oceanográficos e inspectores marítimos a operadores de busca e salvamento, segurança, cozinheiros, entre outras valências. Por isso, exige a criação de uma Escola do Mar em Santiago para preparar quadros nacionais capazes de enfrentar e ultrapassar os desafios do sector marítimo, em especial os milhares de jovens das ilhas de sotavento interessados nessa área de actividade.

Para este activista social, Santiago tem muito mais jovens estudantes do que as outras ilhas. Por outro lado, considera que a ilha-maior possui um porto que recebe a maior movimentação de embarcações, mercadorias e passageiros do país. Por isso, defende que Santiago carece de um acompanhamento e uma administração dotada de técnicos que saibam lidar com a matéria marítima e portuária. “Temos muitos armadores e proprietários de embarcações de pesca com falta de tripulação para operação, ou seja, regista-se uma carência de profissionais capazes de trabalhar neste sector. Daí a necessidade de ter pessoas com formação adequada para exercerem tais funções”, sublinha o interlocutor deste jornal.

O líder da Pró-Praia diz ainda que os programas utilizados pelo departamento ligado ao mar em São Vicente não têm atraído jovens das ilhas do sul – Maio, Santiago, Fogo e Brava – para frequentarem os cursos que desejam. Como exemplo, refere que um candidato à formação de marinheiro, que tem a duração de três meses em São Vicente, gasta mais de 80 mil escudos em propinas, sem contar com as despesas de alojamento, transporte, alimentação e materiais escolares. José Jorge destaca ainda a necessidade de formação alertando que a má qualidade no exercício da pesca em Santiago se deve sobretudo à falta de técnicos qualificados na área. “O número dos poucos que conseguem formar-se em São Vicente é reduzido e não chega sequer para preencher as vagas existentes, tanto no sector das pescas, como no da marinha mercante. E se continuarmos sem responder a determinadas exigências, em termos de formação marítima, aqueles sectores tornar-se-ão um caos, a nível nacional”, avisa o nosso interlocutor.

Formação e emprego Diante de tudo isto, o responsável da Pró-Praia fundamenta que o investimento em uma Escola do Mar em Sotavento permitirá, por um lado, criar emprego para os milhares de jovens que ano após ano terminam o ensino secundário e ficam sem saída para o mercado de trabalho. «Infelizmente, os sucessivos governos de Cabo Verde nunca apresentaram programas que pudessem combater o desemprego juvenil. É nesta óptica que a Pró-Praia vai lutar”, pela criação de “meios para resolver os problemas dos nossos jovens. Vamos criar programas que apoiam os futuros estudantes desta Escola do Mar no pagamento das suas propinas e até de isentar de propinas os de famílias carenciadas e sem rendimentos”, promete Pina.

A associação, segundo José Jorge, quer também que esta escola seja uma unidade integrada no Campus Internacional do Mar, mas coordenada por uma das universidades do país – a Uni-CV ou a Uni-Piaget de Cabo Verde. Mas Pina critica que existe uma falta de vontade e apoio por parte dos políticos para criar o referido estabelecimento de formação em Santiago. “O mar é o maior desígnio de desenvolvimento de Cabo Verde. Por isso, deve ser aproveitado com quadros capazes, de forma a minimizar as assimetrias regionais”, aconselha. A pensar na futura Escola do Mar, o líder da Pró-Praia confidencia à nossa reportagem que já tem um modelo de instalação da mesma escola, que vai ser analisado e apreciado por organismos nacionais competentes na área. José Jorge Costa Pina assevera que o projecto conta com o financiamento de alguns parceiros interessados, designadamente a China, Portugal, Brasil, Luxemburgo e Noruega. Isto sem contar com instituições nacionais interessadas em apoiar cursos ligados ao sector marítimo.

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