Cabo Verde

ANTÓNIO MENDONÇA:

Cabo Verde tem muitas vantagens em apostar na economia do mar

Cabo Verde tem "muitas vantagens e poucas desvantagens" na aposta de ligação à economia do mar, pelo que tem de trabalhar junto de organizações internacionais, sobretudo dentro da CPLP, para poder ter sucesso, disse hoje, na Cidade da Praia, o ex-ministro português, António Mendonça.

 

O antigo ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações de Portugal, e docente universitário, falava no seminário "Transporte Marítimo: Tendências e Desafios", promovido pelo Ministério das Infraestruturas e Economia Marítima, com a participação de vários especialistas portugueses.

Para o também vice-presidente da Ordem dos Economistas de Portugal (OEP), Cabo Verde tem uma economia "controlada", é uma democracia, tem "unidade, consciência e credibilidade nacional e internacional, um povo "instruído", uma diáspora e ligações à Europa, via Euro, e sobretudo à Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

As desvantagens, "ultrapassáveis", sublinhou António Mendonça, passam pelas faltas de "escala", em termos económicos, e de recursos naturais, é um arquipélago, com a insularidade inerente, e acessibilidades internas e internacionais "limitadas".

No entender de António Mendonça, a localização estratégica de Cabo Verde no meio do oceano Atlântico permite-lhe estar num "triângulo de oportunidades" - América, África e Europa -, factor que, na área do transporte marítimo e dos combustíveis, pode ser potenciado com uma aposta maior na CPLP e na Europa.

António Mendonça sublinhou que o caminho a percorrer por Cabo Verde terá de ter em conta que a descontinuidade geográfica dos Estados membros da CPLP permite também que a organização lusófona esteja presente nas principais rotas marítimas do comércio internacional.

Consolidado esse "mercado", sustentou, António Mendonça foi mais longe, ao defender uma aproximação lusófona aos países de língua castelhana que, juntos, perfazem já um mercado global de 800 a 900 milhões de pessoas.

"Aproximando a CPLP, consolidando a CPLP, porque não alargar as relações aos países hispânicos?", questionou o antigo governante português, salientando que, desta forma, seria possível inserir a comunidade lusófona, e os seus nove Estados membros, na economia global.

Na mesma linha de ideia, o presidente da ENDESA, Nuno Ribeiro da Silva, também presente no seminário, defendeu que as rotas marítimas do comércio internacional, sobretudo na dos hidrocarbonetos, podem constituir um "recurso natural" para Cabo Verde.

"Seis das 10 grandes jazidas petrolíferas descobertas nos últimos anos ocorreram em países lusófonos (Moçambique, Angola, Moçambique e Guiné Equatorial), pelo que Cabo Verde deve 'mergulhar' no mercado da CPLP, aproveitando as organizações sub-regionais africanas (CEDEAO, CEEAC ou SADC) e sul-americanas (Mercosul).

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